A autora

Aos oito anos eu cheguei a uma pequena comunidade chamada Vindeln, contra a minha vontade porém muito animada. Talvez você pense que eu já estava acostumada a me mudar para diferentes lugares já que eu morei em uma caverna nos primeiros anos da minha vida, depois nas ruas de São Paulo e em seguida em um orfanato. Mas nada disso se compara ao choque cultural pelo qual eu passei em 1991 ao ser adotada do Brasil para uma pequena comunidade no norte da Suécia. Era hora de virar sueca!

Não demorou muito até eu descobrir que os meus amigos suecos haviam sido criados de uma forma completamente diferente da minha, para dizer o mínimo. Nossa infância não poderia ter sido mais diferente. Um dia eu estava na cozinha da minha casa em Vindeln e tive a ideia de um dia escrever um livro para poder contar a minha história. Anos se passaram e a ideia não saiu da minha cabeça. No meio tempo eu também tive outros sonhos, como por exemplo ser cientista espacial ou astronauta, talvez me tornar uma estrela do atletismo, ou até mesmo ter meu próprio negócio. Hoje, com 34 anos, posso dizer que não me tornei cientista espacial mesmo após passar muitas noites olhando para as estrelas e planetas com o binóculo do meu pai no telhado da nossa casa durante a parte da minha infância que passei na Suécia.

Quando eu era jovem eu descobri que eu precisava de mais ação do que uma vida muito segura poderia me dar. Decidi me dedicar ao atletismo porque eu sempre amei esportes e sabia correr bem, mas tive quando eu estava no ensino médio eu tive uma lesão que pôs fim à minha carreira de atleta.

Alguns dos meus sonhos de criança continuaram intactos, e poder contar a minha história era um deles. Eu queria contar sobre a minha mãe biológica, sobre a nossa vida juntas em uma caverna na selva de Diamantina, e sobre a nossa luta para conseguir sobreviver. Minha mãe me contava histórias e me dava muito amor e segurança mesmo nós sendo muito pobres. Me lembro que em um dia ensolarado ficamos olhando para as nuvens que mais pareciam pedaços de algodão doce no céu claro, e foi naquele momento que eu comecei a querer voar. Minha mãe me disse que nada é impossível, e eu a agradeço muito por isso. Eu já encontrei muitas pessoas que tentaram me convencer do contrário, mas se existe algo que a vida realmente me ensinou foi que nada é nada, de fato, é impossível. Com 28 anos eu me saltei de um avião a quatro mil metros de altura, desdobrei as minhas asas (paraquedas) e pousei no chão com os meus dois pés. Desde este dia eu já saltei de paraquedas cerca de 400 vezes, e não pretendo parar.

Hoje em dia eu tenho minha própria empresa. Dou palestras, sou escritora e criei uma fundação para ajudar crianças e jovens em situação vulnerável no Brasil.

Meu primeiro livro, o Nunca Deixe de Acreditar, é um tributo às três mulheres que significaram tudo para mim mas que por diferentes motivos não estão ao meu lado atualmente: minha mãe biológica, minha mãe adotiva e minha primeira amiga, a Camile. Estas mulheres me deram força para conseguir trilhar o meu próprio caminho e ter a coragem necessária para realisar os meus sonhos.

Quero que minha história inspire as pessoas para que elas entendam que seus sonhos podem ser realizados, não importa de onde você vem. A jornada da minha vida é marcada pela tristeza, pela dor e pela perda de pessoas amadas, mas também por muito amor e alegria. No final das contas amor, amizade e alegria, em conjunto com as escolhas que nós fazemos, são o que são sentido à vida. Podemos ter vidas completamente diferentes, mas por dentro somos todos iguais.

Nunca Deixe de Acreditar (Sluta Aldrig Gå em sueco) foi lançado na Suécia pela editora Forum em setembro de 2016 e no Brasil em agosto de 2017 pela editora Novo Conceito. O mesmo acontecerá em breve pela editora americana Amazon, que publicará a obra em países de língua inglesa, espanhola, francesa, alemã e italiana.

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